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quinta-feira, maio 29, 2008

segunda parte

(a pedido de várias famílias...)
Repensado Le Corbusier, parte 2. Primeiro, e antes de mais, é necessária uma confissão, cheguei tarde – birras matinais inesperadas e impostas – e perdi parte (significativa) da primeira apresentação, a de Arthur Rüegg. Depois de almoço, e dada a extensão do mesmo (por sinal interessante) e uma passagem rápida pela exposição, deixei-me ir andando e acabei por prescindi da parte da tarde. Conclusão, só assisti às apresentações de Josep QuetglasEl renacimiento del paganismo antiguo en Ronchamp – e à de João Belo Rodeia sobre a pintura e a arquitectura do arquitecto suíço.
A proposta de Quetglas foi interessante. Construindo um discurso claro e tranquilo guiou quem o escutava pelas relações da experiência e da vivencia de Romchamp – mediada pelo corpo – remetidas para as primeiras intervenções arquitectónicas humanas, da anta e do dólmen. Referiu também a possível dupla sacralização – e assim possibilidades de cultos paralelos, num acto de surpreendente sincretismo – presentes na capela: o deus dos encomendadores do templo e o deus-luz-arquitectura do arquitecto contratado. Para a parede que serve de fundo ao palco, ao altar, e mais especificamente para as perfurações que lhe conferem a presença especial que apresenta, foi-nos apresentada Maya Deren. O contacto que se terá estabelecido entre Le Corbusier e a realizadora experimental estado-unidense terá permitido ao primeiro trazer essa visão do plano da tela salpicada de estrelas para a referida parede. De um modo muito sintético e até pobre, andámos a ser passeados por estas bandas todas.
Da segunda não tenho muito a dizer. Não me marcou especialmente, teve muitos tiques daqueles que servem sempre para nos escudarmos atrás de nós próprios, e corresponde a uma investigação realizada, creio, à década e meia. Os especialistas que me rodeavam referiram diversas incorrecções mas, tendo sempre presente a comparação com a performance da historiadora do reino, nem me deixou especialmente desconfortável e/ou constrangida. (pensamento associado à apresentação: à mulher de César não interessa sê-lo basta parecê-lo)
Nota sobre o título: A pretensão de colocar no título da conferência uma intenção de refundação dos estudos corbusianos – Rethinking Le Corbusier – elevava as expectativas dos participantes razoavelmente alto. Com o perfil que se apresentava, por parte da generalidade dos conferencistas estrangeiros, até se poderia suspeitar de um eventual cumprimento da elevada aspiração (ainda que, nem neste grupo, este desejo se tenha concretizado). Quando se olhava para a selecção natural, desculpem, nacional, o absurdo do título esclarecia-se em toda a sua dimensão.
Notas sobre a organização: A presidente do Conselho Directivo Regional da SRS da OA foi obrigada a substituir o suposto responsável nas apresentações durante a segunda manhã. A coisa não melhorou nada. Se no primeiro dia não havia direito a uma verdadeira apresentação dos conferencistas, na parte da manhã deste segundo dia nem no nome de Josep Quetglas se acertou. Consideravelmente triste. A falta de um mestre-de-cerimónias foi algo que saltou à vista durante todo o tempo a que assisti ao seminário. Não existia ninguém que acompanhasse a mesa em permanência: mudança de garrafas, problemas informáticos, agradecimentos aos que terminam e apresentação do que se seguem, pausas para o café ou colocação das placas que identificam os conferencistas. Parece óbvio? É desconcertante ver tanto amadorismo junto. Gostaria muito de aprender os métodos através dos quais este tipo de amadores consegue angariar tanto dinheiro para estas coisas. Isto deve ser seguramente inveja.

2 comentários:

bichinha disse...

quem foram os patrocinadores?

patsp disse...

imagino que o grande financiador tenha sido o Museu Berardo... já tentaste?