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sexta-feira, julho 13, 2007

[t*] sobre a representação francesa

[passará na rádio europa, em 90.4 fm e aqui, às 17:35h de 13 de Julho de 2007]

O Dia da França, no âmbito da Trienal de Arquitectura de Lisboa antecede o dia da Festa Nacional deste país. Esta proximidade só reforça a importância das representações nacionais em acontecimentos como a Trienal e dos dias que estas mesmas representações escolhem para sublinhar a sua presença e dar-lhe visibilidade.
Extra-muros, nome da exposição apresentada pela França, foi originalmente montada em 2001 para ser, no seu conjunto, um “museu imaginário da arquitectura contemporânea” francesa. Em Outubro do ano passado a exposição passou a catálogo, constituído por dois volumes que incluem as 208 obras que formam a mostra na sua versão completa.
Em Lisboa podemos visitar um quarto desta exposição. Em 10 lugares espalhados pela cidade é possível encontrar as 52 obras apresentadas. Para além do espaço que ocupa no interior do Pavilhão de Portugal, a mostra de obras de arquitectura francesa estende-se por mais 8 lugares em Lisboa – tão diversos como o Instituto Franco Português ou a Sociedade de Geografia – e, em Almada, no Incrível Club, antigo cinema da Incrível Almadense.
A unificar a informação dispersa pela cidade, os comissários propõem-nos um sistema suportado por uma numeração, por molduras de alumínio que enquadram textos e fotografias e por uma tentativa de comunicar através do lado mais poético das obras escolhidas.
Nem sempre as fotografias e os textos são suficientes para compreendermos a totalidade do que nos é proposto ver. Nem sempre existe informação suficiente – exposta e no apoio à exposição – que permita alimentar mais além a eventual curiosidade do visitante. Também nem sempre a exposição – principalmente na secção do Pavilhão de Portugal, com 22 obras – consegue cativar e aguentar a atenção de quem a visita, até por alguma confusão que pode sair do conjunto de imagens e textos não obviamente relacionáveis. Dificuldades estas que poderão ser acrescidas para não‑arquitectos e que contrariam a vontade proposta pelos comissários de seduzir e despertar o interesse do grande público.
É no entanto de sublinhar a aposta menos ortodoxa em obras que desarrumam o conceito mais estrito de arquitectura. Isto é conseguido tanto através da escolha de obras de auto-construção ou sem autor identificável, como através de outras cuja finalidade ou forma excedem o que tradicionalmente nos habituámos a considerar como pertencentes ao mundo da arquitectura.
Se o objectivo dos comissários era trazer à luz o que se afasta da mediocridade e merece, por isso, a nossa atenção, então, e tendo o visitante a persistência necessária para se apropriar do que vê, chegará lá.

É possível participar, como actividade integrada no Dia da França, na visita guiada que será realizará a partir das 11 horas do dia 13 de Julho. Percorrendo 5 dos 10 lugares da exposição, é proposta uma leitura acompanhada das 9 obras arquitectónicas expostas no Music Box, na cafetaria do Museu do Chiado, na livraria Ler Devagar ZDB, na Sociedade de Geografia e no Restaurante VerdePerto.Para quem se desloque ao Pavilhão de Portugal no Parque das Nações, poderá assistir, ainda, a uma mesa redonda, às 4 e meia da tarde, sob o título Vontade de Amar, às performances culinárias do designer Germain Bourré e ao concerto, às 6 e meia, no pátio do pavilhão, do grupo franco-português O’QueStrada. O acesso a todas estas actividades é gratuito. Tudo ingredientes para que passe um bom dia a descobrir a arquitectura e cultura francesas presentes 1.ª edição da Trienal de Arquitectura de Lisboa.

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