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sexta-feira, março 30, 2007

apertos no estômago

São diversos os momentos da vida em que o estômago concentra as ansiedades do que virá. Aperta-se, aperta-se e espera que o tempo passe. Devo andar de estômago muito sensível. Ou então, esta Primavera anda cheia de vontade de me pôr a dançar e saltitar na linha da(s) dúvida(s). Não sei nem tenho energia e tempo para perceber de onde parte o calafrio, se de dentro, se de fora. Mas, para que conste, ando com um vai e vem de viscerais frio e apertos. Respiro fundo e fico em silêncio a ver se passa. Chiu...

quarta-feira, março 28, 2007

surpresas

Andava eu a reclamar e, de repente, chega-me um vasinho, um concentrado de Primavera! Ele há os atentos e os outros. A gerência agradece e a cozinha ficou muito mais bonita.


segunda-feira, março 19, 2007

procura-se

Pensava que estava a chegar a Primavera e afinal era mentira. Sinto-me enganada, malandros!


sexta-feira, março 16, 2007

coisas que me irritam

O título da notícia do DN on-line é assim: Portuguesas ganham mais na função pública. Intrigada decido aprofundar e ver que raio é isto. Surpresa! Diz-me afinal “é que as mulheres ganham mais porque têm melhores qualificações, que exigem, naturalmente, remunerações superiores”. Porque, para mais, se lermos o último parágrafo do artigo, descobrimos que “se descontarmos este efeito da qualificação, ou seja, se a comparação for feita entre homens e mulheres com igual nível de escolaridade, conclui-se que as mulheres são mais mal pagas”.
Logo, o título talvez devesse ser: Portuguesas ganham menos na função pública para iguais habilitações. Não?
Sacanice de título! (para não dizer outra coisa!)


[Vi agora que o tal título teve direito a destaque na primeira página. Será que o Diário de Notícias precisa disto?]

pedido de desculpas

Penso que, finalmente, é o momento de fazer justiça. A verdade é que grande número de visitantes deste lar-doce-lar chegam aqui por engano. Chegam aqui porque andam no google, incautos e inocentes, à procura de informação sobre a canção que ajudou a baptizar este canto. E catrapum! Tropeçam num buraco e aqui chegam. A todos os enganados e, eventualmente, ofendidos o meu mais sincero pedido de desculpas... pena que não há nada a fazer.
(Eu já não acredito em baptismos quanto mais em rebaptismos!)

quarta-feira, março 14, 2007

das famílias

A história da bebé raptada e encontrada e devolvida, principalmente na parte de informações que hoje se sabe através dos jornais, deixa-me mais uma vez pensativa sobre a obsessão (nacional?) pelos laços de sangue e das famílias biológicas. Também, paralelo a isto tudo, encontramos muitas vezes casos de pobreza ou falta de enquadramento social.
Por um lado, porque foi esse peso, essa vontade de satisfazer a vontade de um casal ter filhos biológicos, onde ele, segundo se diz, não o poderia ter. Já existiam em casa 3 filhos. Um adoptado e dois de uma primeira relação. Mas aparentemente não chegava. Era preciso (para salvar a relação?) mais um, nascido da tal relação em risco de ruir.
Por outro lado, a criança desaparecida e agora encontrada vai rapidamente voltar à família, segundo ordem do tribunal. Onde também já são muitos e onde alguns dos 7 filhos – 3 – já se encontram em casas de acolhimento: uma avó e um casal da freguesia. Já se fala de uma eventual 3 família para esta bebé...Há qualquer coisa de errado no meio de todas estas histórias que envolvem bebés e crianças e que (cada vez mais?) chegam aos jornais... o que é que andamos a fazer enquanto país?

segunda-feira, março 12, 2007

sonho de um fim de tarde pré-primaveril

As leituras trazem-nos quase sempre a sensação de que, mais coisa menos coisa, nesta vida, como dizia o outro, “isto anda tudo ligado”(1). O desconcertante é que a minha memória não consegue abarcar tudo, ligar tudo, disponibilizar tudo… apetece-me um implante de um super-processador e de uma fantástica estrutura mental em hipertexto. Alguém tem destes para venda?

(1) Sérgio Godinho, “Isto anda tudo ligado” in Na Vida Real (1986), Polygram.









[daqui]

terça-feira, março 06, 2007

da morte III ou tic-tac-tic-tac...

Estava eu na minha pausa internética para o café e descobri que vou morrer a 7 de Junho de 2050. Daqui a aproximadamente 43 anos... não está mau. Pequena curiosidade com laivos de vingança: se fosse homem morria 5 anos mais cedo!

[pergunta: e como é que se chega a sítios da net tão interessantes? desta vez foi daqui que veio a informação]

segunda-feira, março 05, 2007

sexta-feira, março 02, 2007

da morte II

Tenho poucas pessoas que me tenham morrido. Sinto-me sortuda por isso. Sei que, inevitavelmente, essa situação tender-se-á a alterar. Leis da vida e da morte. Mas não paro muito a pensar nisso. Cada um protege-se como pode e sabe.
Das pessoas mais próximas e da família, nesta lista de perdas, consta um avô materno. Sempre tivemos uma relação difícil. A avó sempre foi, e é, uma referência. O avô o contrário. A referência pela negação. Machista, teimoso e pouco lutador no fim da vida são das coisas que mais me lembro quando penso nele. Das coisas boas de que me recordo constam a sua vontade de cultivar a boa parecença; aprumado, cuidadoso, barba bem feita e pele morena, cabelo negro até ao último momento. Herdei a minha costela afectiva de alentejana com ele. Caçador de longa data, fora um calcorreador das terras do Alentejo pelas quais tinha um amor e uma ligação na escala das heranças reais. Lembro-me de quando me contava das carroças de ciganos com os quais se cruzavam nos dias de caça. De como as longas cabeleiras negras das mulheres eram deixadas a luzir através da paciência e do petróleo.
Lembro-me que sofri a morte dele por contágio solidário, uma osmose dos afectos. Sofri muito por ver a minha avó a sofrer tanto. Chorei por vê-la e senti-la a chorar. O que eu abracei nesses dias foi o corpo dorido e perdido dela. E ela, a grande mulher da minha vida, sobreviveu à perda. Como sobreviveu a uma vida de luta, de pobreza, de quase inevitável condição de exclusão. Sofreu e sobreviveu à minha abrupta e violenta saída de casa. Sofreu e sobreviveu à distância que a ausência dos netos – por emigrações académicas – lhe impôs. Quando a bisneta que lhe herdou o nome estava para nascer, entristeceu. Imaginou-se excluída de mais este ciclo familiar. Mas, lutadora como sempre, cá anda. E à E. pequenina já se contam quase 17 meses. E como se gostam, E. pequena e E. grande... como se sentem empáticas. Adivinharão o que as une?
Hoje, do cimo dos seus oitenta e tal anos, continua a ser âncora e força da natureza. Esteja eu à altura dessa linha de mulheres da qual nasci.
Comecei o texto pensando que ia falar de uma outra mulher, também âncora para o meu crescimento e que, infelizmente, já não vive. Pertencia à minha família dos afectos. Acho que nunca soube como a sua imagem sempre me acompanhou. Falarei dela noutro tempo.