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quarta-feira, maio 30, 2007

[t*] arquitectura e divulgação

Um acontecimento como a trienal só pode exigir de nós, exteriores ao evento, que reflictamos sobre a importância da divulgação da arquitectura e os modos de a concretizar.
As conferências, de um modo geral, articulam-se de especialistas para especialistas. Arquitectos ou aprendizes da arquitectura procuram, na relação privilegiada com projectistas e/ou teóricos, caminhos mais óbvios para as leituras complexas que a arquitectura deverá implicar.
As sessões de visitas guiadas a obras de arquitectura, as chamadas “obra aberta”, que se têm generalizado felizmente no nosso país, continuam a ser também acontecimentos especialmente dedicados aos que à área pertencem. De qualquer modo, e aproveitando a presença da obra em destaque, visível, vivível e palpável, ou seja, ao alcance do corpo, o diálogo encontra-se favorecido e o grau de abstracção normalmente desce. O público não habituado ao palavreado técnico da arquitectura pode, desta maneira, chegar mais perto do que se procura decifrar.
As exposições continuam, pelo menos no nosso país, a funcionar quase sempre em circuito fechado. Com o potencial maior para ser um acontecimento dividido e procurado pela população em geral – disponível durante um longo período, num determinado sítio habitualmente já com público fidelizado – têm sido pouco trabalhadas para se fazerem compreender por quem não se sabe relacionar com uma planta, um alçado e um corte, ou para quem 2 fotos, um pequeno texto e uma abstracta implantação dizem pouco sobre a compreensão de um edifício. As respostas não estão disponíveis ao virar da esquina e, muito possivelmente, são realmente mais do que uma. De qualquer modo, é inevitável que se parta para a montagem de uma exposição de arquitectura pensado no diálogo que se espera estabelecer com quem pouco ou nada sabe e deveria conseguir, mesmo assim, absorver algo do espectáculo a que assiste.

Não é ocasional a existência, desde 1979, de uma estrutura internacional como o ICAM (International Confederation of Architectural Museums). Como esclarecem, no seu sítio, a instituição dedica-se a fostering links between all those interested in promoting the better understanding of architecture. A tarefa é complexa e as posições, tanto histórica, como geograficamente, são diversas. Mas existe muita gente, em instituições e não só, que perdem tempo a pensar seriamente sobre isto: como conseguir que a arquitectura seja melhor compreendida por parte do público, especialmente o tal não especializado. Ou afinal: como construir de cada cidadão um especialista em arquitectura. Veremos que adendas a esta reflexão pudemos retirar, nesta experiência da trienal, à medida que as exposições forem sendo inauguradas e connosco divididas.

A Câmara Municipal de Cascais, responsável pelo pólo V da trienal, sob a designação de Cascais XXI oferece-nos um programa muito completo. Ainda não pudemos mergulhar nele e ver, por exemplo, como está organizada a exposição mas é de sublinhar, para já, como positivo esta vontade de juntar conferências, visitas “obra aberta” e exposição. Com o extra de que todas as actividades são gratuitas, grátis, à borliu, enfim, o que se queira chamar. Mas são mesmo assim!

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