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sábado, maio 26, 2007

[t*] apontamentos 2

A relação com o lado da produção internacional da arquitectura não implica, em automático, a contaminação madura que faz crescer toda a qualidade da construção do território nacional. Em alguns casos até pode mesmo ser o inverso. A falta de estrutura para receber informação supostamente actualizada pode criar uma contaminação superficial e a nível da imagética que fica longe da construção sólida de uma personalidade arquitectónica.
(Infelizmente o senhor Neil Leach não vai estar presente na trienal – como chegou a estar previsto – para nos falar neste mundo das imagens. Pode sempre ler-se o A Anestética da Arquitectura [1999] já traduzido para português e publicado pela Antígona em 2005.)
Olhando para a história da arquitectura portuguesa no século XX, principalmente para a metade primeira, assistimos a um bom exemplo desta incapacidade de tratamento, em profundidade, do que de fora se vai podendo ver ou saber que existe. A capacidade com que um mesmo arquitecto fazia ao moderno ou outro estilo qualquer, consoante programa da encomenda e encomendador, era, não só papável, como assumido por alguns. Este ecletismo tardio terminou? Ou será que sofreu um abrandamento com as décadas de 1950 e 1960 e voltou a estar presente desde essa altura?
A falta de linhas de força reflexivas, teóricas e históricas, a superficialidade com que tantas vezes o lado da arquitectura como conhecimento foi encarado, alimentam em enumeras situações uma considerável superficialidade da arquitectura portuguesa. Nesse sentido, perfeitamente coerente com muito do que se passa no resto do mundo que tem poder económico para construir Arquitectura.
A resposta mais madura chegará quando se consiga estar olhos nos olhos com qualquer tipo de produção arquitectónica, mediática ou não, e se souber dela ler as linhas de força que lhe dão especificidade. Os brilhos, só por si, são mais anestesiantes do que matéria prima do trabalho que é necessário fazer à volta e de dentro da arquitectura. Talvez o bom senso não seja uma atitude a secundarizar.

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