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sábado, outubro 28, 2006

notas urbanas

Atravessar pedaços de cidade, no irresponsável lugar do pendura, tem inúmeras virtudes... podemos finalmente olhar e assistir ao desenrolar de um acontecimento que são muitos acontecimento em simultâneo. A cidade vai passando, com as suas variações de ritmos e intensidades frente aos nossos olhos. Deixa-se ficar a jeito para um clic que arquivamos. Na memória da câmara ou na nossa memória pessoal. Reconhecemos troços, redescobrimos pedaços. A cidade é um cenário ideal para o leque total de opções comportamentais. As normalidades são mais do que uma multidão, tal como as fugas às normas. Viver efectivamente a cidade implica uma razoável capacidade de abrir possibilidades e procurar conversar com as diferenças. Já dei por mim a ser capaz de uma tolerância de que não sabia a existência. O contrário também. Pensando melhor nisto concluo rapidamente que, no final, as diferenças que atropelam o respeito pelo outro são os que mais me afectam. Uma efectiva cegueira comportamental, uma incapacidade de tomar contacto com o outro ao lado. E, digam o que disserem, isto não é ser-se habitante da cidade. Podemos não conhecer todos os vizinhos ou cumprimentar toda a gente na rua quando passamos mas não impede que respeitemos os anónimos em cada detalhe que marque as nossas acções. A cidade é o palco ideal para as coisas mais brilhante e as maiores aberrações. Deve ser por isso que se ama e odeia em paralelo o espaço urbano que se escolhe habitar.

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